
Ele, muito simples, sempre preocupado com as palavras, dizia que era do interior e não tinha muita instrução, chegou a tirar os documentos do bolso da camisa xadrez dizendo que se alguém quisesse ver, estaria disponível, se abaixou meio torto para passar por debaixo da catraca, mas o cobrador pediu para o motorista parar e o deixou entrar pela porta de trás. Muitas pessoas se comoveram e o ajudaram como podia, lembro que dei R$ 2,00, e ele desceu agradecendo.
Um mês depois, no mesmo terminal, ainda sonolenta, eis que me surpreendo com aquela mesma figurinha, antes da catraca, contando a mesma triste história. Todo o sono que estava foi embora e fiquei indignada e decepcionada. Posso estar enganada, mas acho muito difícil que em um mês ele não tenha conseguido juntar os R$ 70 da passagem para voltar para sua casa. Quando passou por mim o olhei com cara fechada e senti uma vontade enorme de dizer: “Olha, você de novo?! Nossa você ainda não conseguiu voltar para sua casa?!” É como já disse antes, ajo sempre com boa intenção, só não sei se quem recebe minha ajuda, também age assim.
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